Entenda por que EA FC 25 não inclui o Brasil e os times do Campeonato Brasileiro.

Introdução

A trajetória da franquia EA FC, desde os tempos em que era conhecida como FIFA Soccer, sempre foi marcada por polêmicas. Uma das mais significativas refere-se à presença escassa de clubes brasileiros no jogo. Enquanto na década passada praticamente todos os times da Série A do Brasileirão estavam disponíveis, atualmente, o Brasil se limita a algumas participações na Copa Libertadores da América.

Para complicar ainda mais, as versões do jogo trazem elencos genéricos, ou seja, jogadores que não se assemelham aos atletas reais. O que explica essa situação? O motivo envolve questões legais, disputas financeiras e, claro, a complexidade do mercado.

Falta de Clubes Brasileiros em EA FC 25

A ausência dos clubes brasileiros em EA FC 25 é um assunto complexo, envolvendo vários fatores. A questão se refere não apenas a processos judiciais de jogadores contra a Electronic Arts, mas também ao licenciamento de clubes e torneios com concorrentes, como o eFootball da Konami.

A seguir, serão detalhados os principais aspectos que geram dificuldades na inclusão de times e competições brasileiras.

Lei Pelé e os Direitos de Imagem

Desde a sua implementação em 1998, a Lei Pelé assegura uma série de direitos aos jogadores que atuam no Brasil. Um dos principais pontos diz respeito à exigência de contratos de natureza civil, que permitem a exploração comercial da imagem dos atletas. Isso resultou em vários processos judiciais contra a Electronic Arts, alegando uso indevido das imagens dos jogadores sem a devida compensação financeira.

Jogadores conhecidos, como Jonathan Calleri e Rafinha, estão entre aqueles que movem ações contra a empresa. A especulação é de que existam centenas de processos semelhantes aguardando julgamento.

Além disso, a negociação de direitos de imagem muitas vezes era feita diretamente entre a empresa e os clubes, que, por sua vez, não informavam adequadamente os jogadores sobre essas transações. Essa falta de comunicação permitiu que muitos atletas buscassem os seus direitos na justiça.

Baixa Valorização dos Clubes Brasileiros

O problema financeiro permeia a discussão sobre a falta de clubes brasileiros em EA FC 25. Fontes próximas a negociações relatam que a Electronic Arts oferecia valores muito baixos para o licenciamento dos clubes. Times como Flamengo e Corinthians, que detêm grandes torcidas, recebiam cerca de R$ 30 mil, o que é considerado uma valorização irrisória.

  • A Konami, com seu Pro Evolution Soccer, chegou a pagar 200% a mais pelo mesmo tipo de licenciamento, além de fechar contratos de exclusividade.
  • A Konami também estabeleceu um contrato com a CBF, permitindo a inclusão de torneios nacionais e clubes da Série B no jogo.

Contratos de Imagem dos Jogadores

Outro fator que contribui para a ausência de clubes brasileiros refere-se aos contratos de imagem dos jogadores. Na última década, os contratos eram voltados para usos específicos, como decoração em mídias televisivas, mas não para jogos eletrônicos.

Devido ao baixo valor repassado pela Electronic Arts, muitos clubes optaram por não compartilhar essas quantias com os jogadores. Assim, os atletas se sentiram prejudicados, principalmente considerando que o jogo gerava milhões, enquanto eles não recebiam quase nada.

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Consequentemente, muitos jogadores começaram a se mobilizar judicialmente para garantir uma compensação justa pela exploração de suas imagens.

Presença de Outras Ligas no Jogo

Uma dúvida frequente é: por que outras ligas, como as da Inglaterra e da Alemanha, estão presentes de forma oficial no jogo, enquanto a liga brasileira está ausente? A razão está nas negociações diretas entre a Electronic Arts e as ligas de futebol, que garantem cláusulas de uso de imagem claras nos contratos.

Os valores obtidos são repassados para os clubes, que, por sua vez, compartilham com os jogadores a quantia correspondente. Em caso de descontentamento, o problema é tratado diretamente entre o atleta e o clube, deixando a desenvolvedora protegida pelas cláusulas contratuais.

Além disso, há jogadores que possuem contratos específicos com a Electronic Arts, permitindo um envolvimento maior nas campanhas publicitárias e o uso de suas imagens de maneira mais ampla.

Presença de Alguns Times Brasileiros

Ainda que a situação seja desafiadora, alguns times brasileiros ainda figuram no jogo devido ao contrato da Electronic Arts com a CONMEBOL, que permite a reprodução da Copa Libertadores da América. Nesse contexto, a empresa pode apresentar clubes que participam da competição, mas os jogadores são retratados de maneira genérica.

Esses contratos também permitem o uso de uniformes dos clubes, podendo ser utilizados no Modo Ultimate Team.

Modo Carreira e Times Brasileiros

Uma das dúvidas recorrentes é sobre a impossibilidade de se jogar com clubes brasileiros no Modo Carreira. A resposta é simples: licenciamento. Apesar de ser possível criar jogadores genéricos, a ausência de uma Liga Brasileira limita a participação dos times apenas na Copa Libertadores.

Os jogadores podem participar da Libertadores, mas precisam utilizar times do Campeonato Argentino, que possuem contratos mais específicos com a Electronic Arts, permitindo uma maior representação no jogo.

Seleção Brasileira no Jogo

Outro aspecto que gera questionamentos é a ausência da seleção brasileira em EA FC. Isso se deve aos contratos de exclusividade que a Konami mantinha com a CBF, abrangendo não só a seleção, mas também equipes nacionais.

Em versões anteriores, a seleção brasileira aparecia de forma genérica, mas a partir de um contrato firmado com a FIFA durante a Copa do Mundo de 2022, a EA conseguiu a licença para incluir cada jogador que participasse do torneio, o que não ocorria anteriormente.

Futuro da Presença dos Times Brasileiros

Embora não seja possível prever o futuro, atualmente a perspectiva de ver clubes brasileiros em EA FC 25 ou em jogos subsequentes parece distante. Isso é consequência de processos judiciais em andamento e da falta de interesse da Electronic Arts diante da complexidade do futebol brasileiro.

No entanto, iniciativas como a formação de ligas, como a LIBRA e a LFF, que visam organizar a gestão dos direitos de transmissão e imagem, podem facilitar futuras negociações e permitir a inclusão dos clubes em jogos eletrônicos. Resta agora saber se as empresas estão dispostas a investir nessas novas possibilidades.

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